Um pouco de mim…

Div
Sempre gostei do mundo incorporeo, sempre gostei de segredos e enigmas, sempre me imaginei como mensageira de alguma verdade absoluta. Podia ser um querubim atingindo a plenitude da sabedoria e da ciência. Poderia ser poderosa ou simplesmente abençoada. Poderia ser a guardiã suprema de algo inimaginável, ou omnisciente. Poderia estar cheia de amor e derrama-lo aos sete ventos. Poderia não experimentar o egoísmo, a separatividade, o desejo, a possessividade, o ódio, o medo a revolta ou a amargura. Poderia ser a dona dos quatro elementos. Sempre gostei da inocência e virtude, sempre quis voar, por isso tatuei um anjo em mim. E então percebi que “as asas dos anjos voam, sim. E mais do que isso: fazem-me voar, e como? por aquilo que são, por aquilo que mora no meu corpo, pela arte, pela musica e com a alma, e por ela voo.

Porque este é o momento…

Quando olhamos à nossa volta e sentimos que tudo está mal, o que devemos fazer? Não podemos mudar a cor do céu, que está cinzento e queriamos que estivesse azul, não podemos mudar o som do mundo, que está ruidoso e queriamos silêncio, nem sequer a energia daqueles que nos rodeiam que só por um momento gostariamos que estivessem imóveis… Não podemos fazer parar o tempo que avança a cada segundo… Não podemos fazer nenhuma destas coisas, e a nós próprios? Será que podemos parar? Se calhar parar não é o termo correcto, mas em vez de olhar para o céu e sentir o mundo olhar apenas para nós… por dentro e por fora, fechar para balanço, compreender que o erro maior não é o que está à nossa volta, mas sim nós mesmos…

Começa uma nova estapa chamada introspecção, que só a palavra assusta um bocadinho, mas nada mais é do que realmente olhar-mos para nós próprios, ouvir a nossa voz, ouvir o eco do nosso coração ou da nossa consciência ou seja lá do que for, mas ouvir, ouvir os nossos desejos verdadeiramente, levantar o véu aos nossos medos e localizar-nos com um ponto vermelho em qualquer que seja a parte do planeta onde estamos… Parece fácil… mas na realidade deve ser uma das coisas mais dificeis de fazer, quando se a faz bem, quando se a faz por completo.

Costuma-se dizer que resoluções só no ano novo, mas desta vez eu não desejo isso, desta vez  quero mais do que resoluções, quero lavar a minha alma, fechar para balanço abrir todos os meus livros, limpar-lhes o pó, deitar fora tudo o que já não me interessa, deitar fora os que têm imagens más, palavras que não interessam… Deitar fora os que contam histórias fúteis, histórias passageiras, deitar fora os que não têm musica e os que não guardam sorrisos, deitar fora todos aqueles que guardam lágrimas porque quero-as outra vez para poder chorar e lavar a alma sempre que ela tenha pó.

Quando tudo está mal, é preciso parar, olhar, pensar e ver na realidade que a única coisa que está mal sou eu, chegou a hora de me consertar, porque é este o momento.